Em apenas seis meses, Gisele Tavares (PV) marcou seu nome na história política de Olinda
O que começou como um caso de fraude à cota de gênero nas eleições de Olinda virou política pública. Gisele Tavares (PV) assumiu como vereadora em julho de 2024, após a cassação de quatro mandatos pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco. Em pouco tempo, deixou sua marca ao incentivar o uso de energias renováveis e combater as mudanças climáticas.
Arquiteta, ambientalista e ex-chefe do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) de Olinda, Gisele teve o seu primeiro Projeto de Lei aprovado no final do mesmo ano em que assumiu: o PL nº 66/2024, que deu origem à Lei nº 6372/2025.
Após a sanção da prefeita Mirella Almeida (PSD), nesta quinta-feira (22), a nova legislação institui a Política Municipal de Incentivo ao Uso de Energia Limpa em Olinda, com foco na implantação de sistemas solares fotovoltaicos nos edifícios públicos. A proposta mira não apenas economia de recursos, mas também sustentabilidade, educação ambiental e inovação.
“Escolas já ficaram sem aula por falta de energia. A adoção da energia solar é um passo decisivo para que isso não se repita. Com cinco anos o investimento se paga e a eficiência chega a 95%, por até 25 anos”, defende Gisele.
A ex-vereadora é reconhecida como a autora da ideia e articuladora da proposta. Ela afirma que sente “sensação de dever cumprido”.
“Eu não acreditava que isso fosse possível, mas não tem como esse projeto não ser ligado a mim”, afirmou. “É por Olinda. É pelo futuro. É pelo planeta.”
Uma lei com múltiplos impactos
A Lei 6372/2025 estabelece princípios como a redução da emissão de poluentes, o aproveitamento de áreas públicas para geração de energia limpa, a formação de mão de obra especializada e a redução de custos com energia elétrica no serviço público. Além disso, inclui a possibilidade de doação do excedente de energia a entidades beneficentes.
Na prática, isso pode transformar Olinda em referência nacional em energia limpa, com impacto direto na administração pública, no meio ambiente e na vida dos moradores.
Mandato curto, legado permanente
Durante os seis meses em que esteve no cargo, Gisele enfrentou resistência inicial entre os vereadores, mas terminou com respeito unânime pela atuação consistente. Usou com frequência a Tribuna Livre, denunciou o abandono do patrimônio histórico — especialmente das igrejas de Olinda, o segundo destino turístico mais visitado de Pernambuco — e foi voz ativa contra o descaso com o lixão de Águazinha, onde moradores continuam expostos a chorume e animais de abate sem o mínimo de proteção.
Mesmo após não ser reeleita nas eleições de 2024, Gisele segue envolvida nas causas que defende. Sua passagem pela Câmara mostra que tempo de mandato não define o impacto de uma atuação política.
“Essa vitória tem nome, tem esforço, tem propósito. Olinda ganha, a natureza agradece e a luta continua”, resumiu.
Uma nova política, mesmo fora do cargo
Gisele Tavares se despediu do mandato em dezembro de 2024. Candidatou-se novamente, mas não se elegeu. Ainda assim, sua atuação deixou marcas profundas. A ex-vereadora diz que segue atenta, como cidadã, e acredita em uma política com mais escuta, menos vaidade e foco em ações concretas.
“Fui colocada ali por uma decisão judicial, mas permaneci pela minha atuação. Foi curto, mas foi intenso. E o mais importante: foi transformador”.