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70 anos das Ligas Camponesas e memória de Francisco Julião foram celebrados em evento

Com a presença de políticos e representantes dos integrantes do movimento, programação incluiu lançamento de livro e prestação de serviços

Os 70 anos da organização das Ligas Camponesas e a memória do principal expoente político do movimento, Francisco Julião, foram celebrados em um evento realizado no último domingo (27), nas terras do antigo Engenho Galileia, em Vitória de Santo Antão. A programação incluiu o lançamento de uma cartilha sobre Francisco Julião e um mutirão de serviços oferecidos pela Prefeitura, além da apresentação de uma orquestra.

A deputada estadual Rosa Amorim (PT) esteve presente no evento e, ao fazer uso da palavra, destacou o pioneirismo do movimento dos trabalhadores do Engenho Galileia e evocou a memória de Alexina Crespo, companheira de Julião. Rosa ainda ressaltou a importância de preservar na Galileia a memória das Ligas Camponesas.

“A organização dos trabalhadores rurais surge com as Ligas Camponesas. Precisamos falar sobre o legado delas. Essa memória para nós é fundamental para construir a história da luta do povo trabalhador brasileiro”, afirmou Rosa.

A parlamentar aproveitou a oportunidade para entregar um Voto de Aplauso aprovado na Assembleia Legislativa de Pernambuco para Zito da Galiléia, que mantém uma biblioteca no local e dedica sua vida à preservação da história das Ligas Camponesas.

Com 77 anos, Zito da Galileia é autor de dois livros que contam como as Ligas Camponesas iniciaram. Ele explica que ter visto de perto o movimento acontecer gerou afeição por contar a história e o esforço para perpetuar a memória das Ligas Camponesas de forma independente.

“As Ligas nasceram na casa do meu avô, e eu presenciei tudo. A gente cria paixão”, revelou Zito.

O evento foi prestigiado também por Anacleto Julião, filho de Francisco Julião, que passou de advogado dos trabalhadores a principal líder do movimento das Ligas Camponesas em Pernambuco, tornando-se deputado estadual e federal. Mesmo enfrentando uma doença respiratória, Anacleto fez questão de fazer uso da palavra e, lembrando ensinamentos do pai, convocou todos a se unirem na luta por mais direitos.

“Por que a gente vai se dividir, se nossas lutas são as mesmas e os objetivos são os mesmos? Se a gente não se juntar para trazer soluções ao invés de discrepâncias, perderemos a batalha. Essa luta é em benefício de todo o povo brasileiro”, cravou Anacleto.

Foi em Vitória de Santo Antão que houve a primeira experiência de reforma agrária na América Latina ainda em 1959, fato que ficou conhecido no mundo todo, motivando visitas de diversas figuras importantes, entre elas a do irmão do presidente estadunidense à época, Edward Kennedy, que doou aos trabalhadores rurais um gerador de energia, que continua instalado no local.

O evento contou ainda com a participação do vice-prefeito de Vitória de Santo Antão, Edmo Neves (PSDB), da secretária de Trabalho e Qualificação Profissional do Recife, Isabela de Roldão (PDT), do secretário de Cidadania e Cultura de Paz do Recife, Túlio Arruda (PDT), entre outras autoridades.

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